Descarbonização leva energia nuclear a furar a resistência
Rafael Grossi atua como mediador em disputas nucleares, dialogando com protagonistas de conflitos na Ucrânia e Irã. Sua liderança na AIEA ressalta desafios e oportunidades para a energia nuclear em um mundo em busca de soluções sustentáveis.
Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, é um dos únicos interlocutores a dialogar com os dois lados dos conflitos no Irã e na Ucrânia.
A história da usina nuclear de Zwentendorf na Áustria, concluída em 1978, é marcada pela resistência à energia nuclear. Após um plebiscito apertado, 60% da população optou por não iniciar operações, resultando na proibição da energia nuclear na Constituição austríaca.
A usina, com reator que nunca funcionou, atrai anualmente 15 mil visitantes. O setor de energia nuclear, que deveria ser autônomo, abrange 40 países sob a coordenação da AIEA.
A pandemia de COVID-19 expandiu o escopo da AIEA, levando à criação de kits para diagnóstico rápido baseado em tecnologia nuclear.
Recentes relatórios da AIEA indicam um aumento de 50% no enriquecimento de urânio pelo Irã, gerando tensões internacionais. Grossi tenta manter a equidistância em meio às pressões dos países envolvidos.
A energia nuclear é vista como necessária para as metas de emissão zero, mas enfrenta resistência devido a desastres passados, como Chernobyl e Fukushima. O desafio é a gestão do lixo nuclear.
No Brasil, há resistências à conclusão da usina Angra 3, envolvendo custos e impacto ambiental. A AIEA e Grossi buscam ultimately reverter o preconceito contra a energia nuclear, ressaltando seus benefícios para o meio ambiente.
Além disso, a AIEA planeja uma aproximação com o setor de tecnologia, reconhecendo a demanda por pequenos reatores nucleares, especialmente para datacenters, um mercado em ascensão.
Por fim, a transição energética global precisa avançar, com crescentes pressões para adotar 80% de energias renováveis e 20% de nuclear, mas a opinião pública ainda hesita, principalmente em países com histórico antinuclear.