Depoimentos no caso do golpe indicam ação direta de Bolsonaro e não devem mudar cenário no STF
Depoimentos apontam que Jair Bolsonaro buscou reverter a vitória de Lula com o apoio de generais, considerando ações ilegais. A fase de oitivas no STF encerrou, mas as evidências complicam a situação do ex-presidente, que enfrenta várias acusações graves.
Depoimentos de testemunhas convocadas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro revelam ações nos bastidores para Tentar reverter o resultado da eleição de 2022, em que Luiz Inácio Lula da Silva ganhou a presidência.
Tres testemunhas relataram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que Bolsonaro consultou generais sobre a possibilidade de "virar a mesa", discutiu a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes e buscou irregularidades para se manter no poder.
As testemunhas incluíram o ex-comandante da Força Aérea, Carlos Almeida Baptista Junior; o ex-chefe do Exército, Marco Antônio Freire Gomes; e o ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco.
A fase de ouvir testemunhas no processo contra Bolsonaro foi encerrada, e ele esteve presente nas oitivas. O "núcleo 1" da ação penal inclui oito réus, entre eles o ex-presidente e ex-ministros.
Um total de 52 pessoas foram ouvidas em 10 dias de sessão; 28 desistências foram registradas, sendo 27 da defesa.
As acusações contra Bolsonaro incluem:
- Organização criminosa
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado com uso de violência
- Deterioração de patrimônio tombado
Um momento crucial foi quando Freire Gomes confirmou que recebeu um plano do governo para impedir a posse de Lula, participando de uma reunião com Bolsonaro e outros chefes militares.
Depoimentos indicaram que Garnier Santos, ex-chefe da Marinha, poderia ter se juntado à tentativa de golpe, mas sua posição permanece incerta. Moraes alertou que a testemunha não poderia falsear informações.
Bautista Junior mencionou um "brainstorming" sobre a possível prisão de Moraes em uma reunião com Bolsonaro, revelando a discussão sobre ações golpistas.
Outras testemunhas relataram que Bolsonaro buscou reverter o resultado eleitoral e que os planos envolvendo a Polícia Rodoviária Federal foram discutidos.
Dentre as testemunhas da defesa, algumas negaram ter sido procuradas sobre planos golpistas, apresentando Bolsonaro como "triste" e "isolado" após a derrota.
Durante as oitivas, Moraes frequentemente interrompeu os depoimentos, repreendendo testemunhas e advogados por conclusões e interpretações impróprias.
As tensões no tribunal refletiram a gravidade das acusações e o clima conturbado em torno do ex-presidente e dos demais réus.