De empresário a modelo: como funcionava a rede de espiões russos que operava a partir do Brasil
Investigação da Polícia Federal revela que Brasil serviu de abrigo para agentes russos disfarçados. Pelo menos nove espiões foram identificados com documentos brasileiros, levantando preocupações sobre segurança e espionagem internacional.
Espionagem Russa no Brasil: Caso retorna à mídia após reportagem do The New York Times.
Uma investigação da Polícia Federal do Brasil revelou nove supostos espiões russos utilizando documentos brasileiros como disfarces. A informação foi confirmada pela BBC News Brasil.
Dos espiões identificados, apenas Sergey Cherkasov permanece no Brasil. Ele foi preso após se passar pelo brasileiro Victor Muller Ferreira e tentativas de acesso ao Tribunal Penal Internacional.
Investigadores apontam que a rede de espionagem russa inclui disfarces variados, com indivíduos atuando como modelo, estudante e dono de joalheria.
Além de Cherkasov, outros casos incluem Mikhail Mikushin, preso na Noruega, e Artem Shmyrev, hoje foragido. A investigação é sustentada por registros que mostram que os documentos usados pelos espiões foram emitidos por cartórios brasileiros legítimos.
As atividades de espionagem visavam criar disfarces sólidos para missões em outros países. Cherkasov, por exemplo, teve vidas na Irlanda e nos EUA,onde chegou a morar perto da CIA.
Os espiões se inseriam na sociedade brasileira, adotando costumes como aulas de forró e formando relacionamentos. O FBI analisou a vida pessoal de Cherkasov, mostrando controle de seus superiores.
Motivos para o Brasil ser escolhido como "berçário" incluem a facilidade na obtenção de IDs e passaportes, como demonstrado no caso de Cherkasov e Mikushin.
A prisão de Cherkasov gerou um impasse entre Rússia e Estados Unidos sobre sua extradição, com o STF brasileiro condicionando a entrega ao término de investigações.
Uma colaboração entre Brasil e Uruguai resultou em alertas à Interpol, dificultando o movimento futuro dos espiões. Dados obtidos agora podem ser usados globalmente para a identificação dos indivíduos.