Da Petrobras a junior oils: como a guerra comercial afeta a tese do petróleo
Indústria petrolífera brasileira enfrenta pressão com a expectativa de queda da demanda e preços mais baixos. Especialistas alertam que, apesar da proteção dos projetos offshore, a redução nas margens vai impactar os resultados financeiros das empresas do setor.
Guerra comercial EUA-China afeta demanda por petróleo
A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, os maiores consumidores globais de petróleo, leva a uma pressão significativa sobre a indústria. Especialistas alertam que as empresas brasileiras, como Petrobras e junior oils, não ficarão imunes ao cenário de queda nos preços.
Apesar de a redução do preço do barril não afetar a produção no Brasil, os resultados financeiros das empresas devem ser impactados. Segundo Flávio Ferreira Menten, da Rystad Energy, isso se deve à queda das margens de lucro.
O analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, destaca que tanto as majors, como a Petrobras, quanto as junior companies serão afetadas por preços mais baixos. Relatório do Itaú BBA mostra que a Petrobras poderia precisar aumentar sua dívida para honrar dividendos se os preços do petróleo permanecerem baixos até 2025.
Se a cotação do barril cair para US$ 50, a estatal poderia enfrentar necessidade de endividamento acima do limite permitido. Arbetman observa diferença nos preços entre petróleo onshore e offshore e como isso tem impacto no desempenho das ações das empresas.
Os analistas também preveem que, com a deterioração da relação EUA-China, a demanda deve cair e os preços reajustados por bancos para US$ 60 a US$ 70 em 2025. A previsão de crescimento da demanda global foi reduzida em 400 mil bpd devido às tarifas comerciais.
A Rystad Energy e a Wood Mackenzie revisaram suas projeções para o preço do Brent, sendo a última estimativa de US$ 64 para 2026. As ações dos EUA visam controlar preços ao mesmo tempo que aumentam a produção.
A Opep+ anunciou um aumento na oferta, e a preocupação com o setor de shale gas nos EUA cresce. O preço do WTI caiu 20% desde o início da presidência de Trump, complicando ainda mais a situação.