Culpa da energia solar? A discussão em torno de fontes de energia renovável após apagão na Espanha e em Portugal
Investigação aponta para falhas no sistema de energia solar espanhol como possível causa do apagão na Península Ibérica. Especialistas discutem a estabilidade da rede elétrica em relação ao aumento da geração de energia renovável.
Apagão na Península Ibérica: uma falha no sistema de energia solar da Espanha pode estar na origem do blecaute que afetou Portugal e Espanha na última segunda-feira (28/04). A Red Eléctrica da Espanha investiga a perda de geração fotovoltaica como principal causa.
A Espanha descartou ataques cibernéticos e eventos meteorológicos extremos. No entanto, o administrador da REN de Portugal, João Faria Conceição, indicou que o excesso de fontes renováveis pode ter contribuído, mas é uma "ideia plausível" entre outras.
O premiê espanhol, Pedro Sánchez, refutou a ideia de que a falha foi causada apenas por fontes renováveis e mencionou a energia nuclear como outra possibilidade.
O apagão ocorre em meio a um debate sobre o futuro da energia nuclear na Espanha, que planeja fechar suas cinco usinas ativas. Vários Estados no Brasil já enfrentaram apagões semelhantes, relacionados à intermitência de fontes renováveis.
O pesquisador Pedro Jatobá, da FGV, explica que sistemas elétricos extensos, como os da Espanha e Brasil, necessitam de "inércia" para manter a estabilidade. A ausência de grandes geradores hidrelétricos e nucleares na Espanha durante o incidente contribuiu para a falha.
Após o apagão, o fornecimento foi restabelecido usando hidrelétricas e usinas de ciclo combinado, mas o pesquisador destaca a importância de desenvolver tecnologia que permita que fontes intermitentes atuem de maneira mais estável.
Efeito em Portugal: Portugal foi afetado pois estava totalmente conectado à rede espanhola no momento da falha. Embora possa produzir sua própria energia, estava comprando de forma econômica dos espanhóis.
Alguns políticos portugueses pedem a reabertura de centrais de carvão após o apagão, mas a solução não é vista como viável por autoridades competentes. Já o Brasil apresenta um sistema elétrico mais robusto, minimizando riscos de apagões por eventos externos.