Cuba prende opositor três meses após libertação negociada com Vaticano
A nova detenção de José Daniel Ferrer levanta questões sobre a repressão à oposição em Cuba. Apenas três meses após sua libertação, o ativista enfrenta novamente acusações de violação das condições de sua condicional.
Cuba prendeu nesta terça-feira (29) o opositor José Daniel Ferrer, acusado de violar os termos de sua liberdade condicional.
A detenção ocorreu três meses após sua libertação, resultado de um acordo mediado pelo Vaticano com o governo dos EUA.
Segundo Maricela Sosa, vice-presidente do Tribunal Popular Supremo, Ferrer não compareceu a duas audiências judiciais obrigatórias, violando a legislação cubana.
A irmã de Ferrer, Ana Belkis Ferrer, afirmou que ele foi detido junto à sua esposa, filho e vários ativistas. Ela exigiu sua libertação imediata e a de todos os presos políticos.
Ferrer, 54, alega que foi preso injustamente e considera desnecessária sua participação nas audiências.
Outro opositor, Félix Navarro, teve sua liberdade condicional revogada após sair do município sem autorização judicial. Ele foi condenado a nove anos de prisão pelos protestos de julho de 2021.
Ambos, Ferrer e Navarro, estavam entre os 553 prisioneiros libertados em janeiro. A prisão foi justificada por Sosa, que destacou comportamentos desrespeitosos por parte dos dois.
Após sua libertação, Ferrer fundou um refeitório comunitário, mas afirmou estar sendo assediado pelo governo.
Cuba acusa os EUA de financiar a dissidência de Ferrer e, em fevereiro, o diplomata americano Mike Hammer o visitou em sua casa. O Departamento de Estado não se pronunciou sobre a nova detenção.