Crise interna e ameaça de tarifas de Trump esvaziam novo evento da Apple

A Apple iniciou nesta segunda-feira (9) sua Worldwide Developers Conference (WWDC) em clima contido, devido a problemas no desenvolvimento de inteligência artificial e pressão do governo dos EUA para relocalizar sua produção.

O foco da controvérsia é a Siri personalizada, prometida para 2024 no pacote Apple Intelligence. No entanto, até agora, nenhuma funcionalidade foi lançada, levando a empresa a ser alvo de ações por propaganda enganosa.

Segundo o jornalista John Gruber, a apresentação da nova Siri foi apenas um vídeo conceitual. Inclusive, a Apple retirou um comercial estrelado pela atriz Bella Ramsey, que mostrava a assistente com interações em tempo real.

Uma investigação revelou que equipes da Apple trabalhavam de forma isolada: enquanto a equipe de IA focava em novas funções, o time da Siri realizava pequenas melhorias, sem conhecer os planos públicos.

Com a concorrência em alta, a Apple acelerou anúncios ainda não finalizados, comprometendo sua imagem de inovação. Especialistas acreditam que a WWDC 2025 não trará novidades significativas em IA.

A Apple também enfrenta pressão governamental, com o presidente Donald Trump, reeleito, exigindo que a produção dos iPhones ocorra nos EUA para fortalecer a indústria local.

A Apple já moveu parte da produção para a Índia devido às tarifas de 30% impostas pela China, mas Trump ameaça tarifas de 25% sobre todos os produtos da Apple, afetando o valor de mercado da empresa, que caiu para US$ 3,05 trilhões.

Além disso, a capacidade técnica dos EUA é insuficiente para acomodar toda a cadeia produtiva, com apenas 20% dos graduados em STEM comparados a 41% na China. A maioria dos componentes eletrônicos não é fabricada nos EUA, tornando impossível uma relocalização total sem reformas significativas.

A ameaça de tarifas pode aumentar os preços para os consumidores americanos e intensificar a disputa geopolítica com China e Índia.