Cortes de geração: o novo (e preocupante) normal
O aumento dos cortes de geração no setor elétrico brasileiro é resultado de uma mudança estrutural que exige soluções urgentes. A situação, que impacta principalmente as fontes eólica e solar, vem crescendo após o apagão de agosto de 2023 e revela a vulnerabilidade do sistema elétrico.
Setor elétrico brasileiro enfrenta "novo normal" com cortes elevados de geração
Desde agosto de 2023, o setor elétrico no Brasil enfrenta um problema estrutural de cortes de geração, especialmente de fontes eólica e solar. Os cortes somam cerca de 2.050 MW médios, ou 18 TWh, afetando mais de 11% da geração potencial dessas fontes.
A situação se agravou com cortes que em alguns meses superaram 75% da produção em determinados empreendimentos, o que pode inviabilizá-los sem soluções adequadas. O governo formou, em março de 2025, um grupo de trabalho no CMSE para abordar este problema.
O estudo realizado pelo ONS em junho revelou as causas dos cortes e os desafios enfrentados pelo sistema, que possui uma vulnerabilidade estrutural. O apagão de agosto de 2023 evidenciou fragilidades na conexão de novas tecnologias, resultando em políticas operativas que limitam a injeção de energia dessas fontes.
As mudanças na operação do ONS têm levado a cortes que, segundo projeções, aumentarão nos próximos anos devido à crescente participação da geração eólica e solar na matriz elétrica.
O desafio é maior para a microgeração e minigeração distribuída (MMGD), que representa mais de 98% das instalações de MMGD no Brasil. O impacto desta geração no desbalanceamento entre geração e carga foi comprovado por simulações do ONS, que indicam que a necessidade de cortes de geração seria drasticamente reduzida na ausência da MMGD.
A Seae já recomendou que a MMGD participe dos mecanismos de redução de cortes. Medidas urgentes são necessárias para evitar um aumento nos custos e riscos à segurança da rede elétrica.
A chave para mitigar o curtailment:
- Gerenciar a MMGD de forma integrada.
- Implementar adequações estruturais no sistema.
- Desenvolver políticas eficazes para equilibrar geração e carga.
Sem ações rápidas, o curtailment pode se agravar, afetando a operação e a confiabilidade do sistema elétrico.