COP-30 será realizada em região que exporta energia limpa, mas consome energia suja
Desafios energéticos marcam a recepção de estrangeiros na COP-30 no Brasil, com a Amazônia Legal enfrentando a dependência de combustíveis fósseis em comunidades isoladas. A transição para fontes renováveis é urgente, mas esbarra em barreiras logísticas e financeiras.
Estrangeiros que participarão da COP-30 no Brasil enfrentarão um paradoxo energético na Amazônia Legal, onde energia limpa é exportada, mas comunidades isoladas dependem de geração a diesel.
A Amazônia Legal, que inclui a região Norte, Mato Grosso e partes do Maranhão, abriga 26,6 milhões de habitantes, com cerca de 10% atendidos por sistemas isolados e 900 mil sem eletricidade.
Em 2023, a região gerou 21% da energia do Brasil, mas consumiu somente 12%. Durante a seca, a necessidade de termelétricas aumenta, assim como a importação de energia do Nordeste. Mudanças climáticas podem aumentar essa variabilidade.
Cerca de 86% da energia nos sistemas isolados é gerada por térmicas a fósseis, com um custo de produção de R$ 2 mil por megawatt-hora, 472% mais caro que o sistema interligado. As emissões de gás carbônico nesses sistemas são sete vezes superiores às do sistema interligado.
A pesquisadora Joisa Dutra destaca a complexidade de levar energia às comunidades isoladas e defende a necessidade de microrredes de energia como solução mais viável que a conexão ao sistema nacional, que envolve altos custos e barreiras logísticas.
A Vila Restauração, no Acre, é um exemplo positivo, onde um sistema de energia solar e biodiesel foi instalado, garantindo eletricidade 24 horas por dia. A Energisa investiu R$ 20 milhões nesta solução, que diminui o impacto ambiental e facilita a manutenção.
O gerente da Energisa, Wendell Teixeira, acredita que é financeiramente desafiador garantir energia limpa para todas as comunidades isoladas, mas até 60% pode ser alcançado com abordagens semelhantes.