Conluio de servidores e desvios de R$ 6,3 bi: o que se sabe sobre a fraude no INSS?
Investigação da PF revela um esquema de fraude que desviou até R$ 6,3 bilhões no INSS, envolvendo servidores e associações. Descontos em benefícios foram aplicados irregularmente, com movimentações financeiras atípicas e ligações a empresas sem vínculos sindicais.
Operação Sem Desconto: A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) investigam um conluio entre servidores do INSS e associações que aplicavam descontos irregulares em aposentadorias, totalizando até R$ 6,3 bilhões desviados entre 2019 e 2024.
Fraudes ocorreram por meio de falsificação de autorizações para descontos associados a promessas de vantagens, como serviços e descontos em academias.
Detalhes da investigação:
- Em outubro de 2023, o INSS recomendou desbloquear benefícios para descontos, contrariando um decreto de junho de 2020.
- Mais de 34.487 benefícios foram desbloqueados em novembro, sem autorização individual.
- Contribuições a oito associações aumentaram 2.011% entre 2019 e 2023; a média geral foi 115%.
- A PF apura desvio de recursos para empresas sem vínculos sindicais, com R$ 26 milhões movimentados pela Contag.
- Descontos concentrados em cidades com baixo IDH; mais de 60% dos segurados em alguns municípios foram afetados.
A PF identificou que ex-diretores do INSS receberam mais de R$ 17 milhões de intermediários das associações. A figura central, Antonio Carlos Camilo Antunes, movimentou R$ 53,5 milhões, bem acima de sua renda oficial.
A investigação relaciona o ex-presidente do INSS, Alexandre Stefanutto, à liberação de descontos em massa, contrária a parecer da Procuradoria e ao decreto de 2020. Ele foi exonerado após a operação.
Ministro da Previdência: Carlos Lupi permanece no cargo, apesar do desgaste político. O governo defende que ele não está implicado e que não há provas contra ele até o momento. Lupi admitiu que houve demoras para agir contra fraudes, mas negou omissão.