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Congresso protege o 'andar de cima' ao resistir a alta de impostos de Haddad, diz economista

Resistência do Congresso em aprovar aumento de impostos reflete tanto lobbies econômicos quanto interesses políticos em tempos eleitorais. Especialistas apontam que medidas almejadas pela Fazenda visam reequilibrar contas públicas, mas enfrentam forte oposição legislativa.

Propostas de aumento de impostos apresentadas ao Congresso pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, são criticadas por Bráulio Borges, economista sênior da LCA e pesquisador da FGV, que afirma que elas "afetão muito mais quem está no andar de cima".

A resistência do Parlamento em aprovar as medidas reflete lobbies econômicos e cálculos políticos, segundo Borges. Ele destaca que o Congresso quer elevar o preço do apoio ao governo, atualmente enfraquecido. O "preço" cobrado é a liberação de emendas parlamentares, previstas para somar R$ 50 bilhões em 2025, mas pouco foi liberado até agora.

Borges menciona que vários congressistas estão de olho na eleição de 2026, além de criticar a manutenção de benefícios tributários para empresas que desfalcaram a arrecadação. Ele argumenta que seria mais efetivo reduzir o valor das emendas parlamentares, que quadruplicaram desde 2020.

A proposta inicial de Haddad para aumentar o IOF busca equilibrar as contas públicas, mas está enfrentando forte resistência na Câmara. O presidente da Câmara, Hugo Motta, defende que o foco deve ser o corte de gastos em vez de novos tributos.

Borges concorda, mas critica o Congresso por se posicionar como "adulto na sala", enquanto contribuíram para o desequilíbrio fiscal com políticas como a desoneração da folha e o programa Perse.

Ele destaca que uma reforma administrativa não trará a economia fiscal necessária e que as emendas parlamentares representam um custo exagerado. Borges defende que as emendas deveriam voltar aos padrões de R$ 10 bilhões anuais antes de 2020.

Sobre os impostos propostos, Borges reconhece que a alta de impostos atinge principalmente os mais ricos, mas menciona que há grande resistência por parte dos setores afetados e do Congresso, que defendem seus próprios interesses.

Borges alerta que, sem a aprovação das medidas, o governo enfrentará dificuldades financeiras e poderá ter que cortar investimentos em áreas como o PAC e outras políticas públicas.

Ele conclui que a atuação do presidente Lula é crucial nas negociações entre o Ministério da Fazenda e o Congresso, pois Haddad não tem a mesma capacidade de interlocução sem o apoio do presidente.

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