Como produto de trabalho escravo vai parar na sua calçada
A continuação do clássico do cinema brasileiro revela a realidade política de Taperoá, onde o asfaltamento de ruas é promessa frequente, mas esconde um problema grave: o uso de trabalho escravo nas pedreiras que fornecem pedras para as obras. A investigação aponta que construtoras têm se beneficiado de um sistema que ignora as condições degradantes de trabalhadores da região, tornando o cenário ainda mais complexo durante as eleições.
Continuação de O Auto da Compadecida, lançada no fim de 2024, retrata um vilão que compra votos de moradores empobrecidos na Paraíba, prometendo pavimentar ruas em Taperoá. Apesar de avanços, o município ainda enfrenta realidades de ruas sem pavimentação e condições de vida precárias.
Empresas contratadas para obras na cidade utilizaram pedras extraídas por trabalhadores em condições análogas à escravidão, conforme apontou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os trabalhadores não tinham proteção, água potável ou acesso a banheiro, vivendo em locais degradantes.
A BBC News Brasil identificou que ao menos 31 empresas autuadas por trabalho escravo obtiveram contratos públicos em estados como Piauí, Paraíba, Bahia e outros, totalizando mais de 200 contratos na última década.
As construtoras buscam o menor preço na compra de pedras e ignoram as condições de trabalho nas pedreiras. Políticos locais, como Jurandi Gouveia Farias e George Farias, aproveitaram a fixação em pavimentação para a campanha eleitoral, mesmo com denúncias de irregularidades.
As pedreiras muitas vezes operam de forma informal, onde trabalhadores vivem em condições precárias e recebem por produção, destacando a vulnerabilidade dos mesmos, que frequentemente retornam ao trabalho em função da falta de alternativas.
Desafios de fiscalização e vinculação de políticos e empresas à exploração laboral persistem, refletindo a necessidade de uma abordagem mais rigorosa da administração pública e maior responsabilização por parte dos órgãos competentes.