Como os exportadores de suco de laranja têm trabalhado para tentar reverter ‘tarifaço’ dos EUA
Exportadores brasileiros buscam manter acordos estratégicos com empresas dos EUA diante da ameaça de tarifas que podem inviabilizar suas exportações. Negociações seguem em andamento, mas sem posicionamentos públicos para não agravar a relação com o governo americano.
Quase 60% do suco de laranja consumido nos EUA vem do Brasil.
Na safra 2024/2025, o Brasil enviou 306 mil toneladas (85 milhões de caixas) aos EUA, correspondendo a 70% das importações norte-americanas. México (22%), Costa Rica (3%) e outros países (1%) seguem na sequência, conforme a CitrusBR.
Mesmo com essa importância, exportadores brasileiros têm se mantido discretos em suas negociações, temendo represálias do governo Donald Trump, que ameaça tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto.
Ibiapaba Netto, diretor da CitrusBR, destaca que o produto brasileiro é essencial para as empresas americanas e que elas estão buscando soluções para o problema, sem desagradar o governo.
As exportações brasileiras formam uma rede complexa, com mais de 60 anos de história, abrangendo infraestrutura em portos e distribuição, além de influências culturais como hábitos de consumo.
O mercado norte-americano é dominado por Coca-Cola e Pepsi, que distribuem marcas como Minute Maid e Tropicana, sem marcas brasileiras. Aumento de tarifas tornaria o suco de laranja brasileiro insustentável: de US$ 415 para US$ 2,6 mil por tonelada.
As empresas estão enfrentando incertezas sobre como será a cobrança da tarifa. Contudo, as negociações ocorrem em bastidores, com foco na colaboração entre empresas americanas e brasileiras.
Exceções incluem a Johanna Foods e Johanna Beverage Company, que solicitaram um alívio emergencial ao Tribunal de Comércio Internacional dos EUA contra a taxa de 50%.