Como Milei fez a Argentina merecer um resgate do FMI
Milei busca acordo com o FMI para estabilizar a economia argentina diante de uma crise cambial iminente. Presidente promete reformas liberais enquanto luta contra a inflação e a dívida crescente do país.
Javier Milei está em busca de um novo acordo com o FMI desde que o último expirou em dezembro. Seu governo quer um resgate que pode totalizar US$ 20 bilhões (R$ 116,6 bilhões).
No dia 30 de março, o ministro das finanças da Argentina anunciou que esperavam receber 40% dessa quantia, e três dias depois, Milei viajou para Mar-a-Lago para se reunir com Donald Trump.
A Argentina, sendo o cliente mais desafiador do FMI, acumulou dívidas de US$ 41 bilhões (R$ 239 bilhões), equivalentes a 28% dos empréstimos do fundo. O novo acordo representa o 23º resgate do país.
O resgate anterior, acordado em 2022, falhou, levando a uma fuga de investidores. Apesar das medidas rígidas propostas pelo FMI, a Argentina não conseguiu reduzir seu déficit, enquanto continuava a queimar suas reservas.
Milei, que implementou cortes de 5% do PIB e reformas, busca alavancar a colaboração com o FMI em razão da necessidade econômica e por coincidir com seus objetivos.
Ele vem desvalorizando o peso, mas a inflação continua, pressionando as reservas. Para estabilizar as reservas cambiais, a Argentina precisa liberalizar a taxa de câmbio.
Uma crise cambial tornaria o pagamento da dívida impossível, um pesadelo para o FMI. Com isso, Milei é visto como um interlocutor que merece apoio, como afirmou Kristalina Georgieva, chefe do FMI.