Como é o ritual complexo dos budistas tibetanos para encontrar sucessor do Dalai Lama?
Dalai Lama reafirma a continuidade da instituição e a tradição de sucessão espiritual no budismo tibetano. A escolha do 15º Dalai Lama promete trazer desafios geopolíticos e conflitos com a China.
Dalai Lama confirma que sucessor será eleito
O 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, em uma declaração no exílio, reafirmou a continuidade da instituição do Dalai Lama, que será mantida após sua morte. O novo líder será eleito respeitando a tradição do budismo tibetano.
Com 90 anos e boa saúde, ele encerrando rumores sobre o término da instituição. O próximo Dalai Lama será a reencarnação do atual, que vive exilado em Dharamsala, Índia desde 1959.
Ao contrário de outras religiões, a liderança tibetana não é herdada ou eleita por votação, sendo considerada reencarnação do Bodhisattva da Compaixão. O ciclo de sucessão envolve a identificação de um menino após a morte do Dalai Lama, com base em sinais místicos e provas.
Processo de sucessão
- A morte do Dalai Lama inicia um período de luto e contemplação.
- Altos lamas observam indícios de onde o líder reencarnou, incluindo consultas ao lago sagrado Lhamo Latso.
- Os monges iniciam busca por meninos nascidos recentemente, atentos a fatos extraordinários e sonhos proféticos.
- O menino identificado passa por testes para reconhecer objetos do Dalai Lama falecido.
- Uma vez reconhecido, inicia treinamento no mosteiro e a cerimônia de entronização ocorre no templo de Potala em Lhasa.
Tensão política
A ocupação do Tibete pela China desde 1950 gerou conflitos. O governo chinês deseja aprovar a seleção do próximo Dalai Lama, enquanto o Dalai Lama acredita que sua reencarnação ocorrerá fora de território controlado pela China.
Histórica interferência quase levou a um cenário em que existiriam dois Dalai Lamas, o legítimo e um imposto pela China, previsto por Gyatso. Esta divisão teria implicações profundas em religião, identidade e política.
Relações internacionais
A Índia apoia o Dalai Lama, considerando-o um recurso diplomático contra a China. Por sua vez, os Estados Unidos já sinalizaram apoio ao direito do Dalai Lama em determinar sua sucessão, através da Lei de Política e Apoio ao Tibete, que impõe sanções a interferências chinesas.