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Como decifrar as angústias das crianças: 'Dificuldade em matemática pode ser ansiedade com contas da casa'

A busca por terapia infantil revela desafios emocionais que vão além das dificuldades escolares. Especialistas destacam a importância da participação dos pais no tratamento e a influência do ambiente familiar nas questões enfrentadas pelas crianças.

Saúde mental de crianças em terapia

A busca de crianças pequenas por terapia é crescente. O foco é encontrar um espaço seguro para abordar seus incômodos, medos e angústias, segundo reportagem da BBC News Brasil.

Identificação de sofrimento ocorre pela mudança no comportamento, destaca a psicóloga Louise Madeira. Encaminhamentos também vêm de profissionais escolares, pois algumas instituições são mais atentas às dificuldades dos alunos.

Os principais problemas incluem:

  • dificuldades de aprendizagem;
  • falta de interesse;
  • comportamentos disruptivos;
  • dificuldades de socialização;
  • agressividade;
  • roubos e mentiras.

O psicanalista Alexandre Patrício de Almeida ressalta que dificuldades na aprendizagem podem ocultar problemas emocionais, como ansiedade relacionada a divórcios ou problemas financeiros. O foco da psicanálise é o inconsciente e as emoções.

A professora Belinda Mandelbaum acrescenta que crises familiares impactam profundamente as crianças. Conversas transparentes sobre problemas são essenciais, evitando o silenciamento.

Sofrimento herdado se refere a conflitos dos pais que podem se manifestar nas crianças. Mandelbaum e a psicóloga Rosa Maria Marini enfatizam a necessidade de envolver os pais no tratamento para romper esse ciclo.

A autoridade parental é fundamental. Marini aponta que, ao não estabelecer limites, os pais transferem responsabilidades ao ambiente escolar em vez de educar os filhos. O "legado da interdição" é vital para enfrentar frustrações.

Com a era digital, o uso excessivo de telas apresenta desafios. Marini alerta que a preferência por dispositivos pode prejudicar a habilidade social e aumentar a ansiedade.

As crianças frequentemente imitam ídolos da internet, processando uma visão distorcida sobre esforço e resultados. Adela Stoppel de Gueller salienta a necessidade de preservar experiências de infância e liberdade.

É fundamental diferenciar culpa de responsabilidade no contexto familiar. A terapia deve engajar as crianças ativamente, permitindo que expressem e reflitam sobre suas situações.

Por fim, é essencial que as crianças levantem a mão para se ocupar de suas dificuldades, criando um espaço para diálogo e compreensão em suas relações familiares.

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