Como a tarifa de 50% contra o Brasil afeta a Embraer e quais as opções para a empresa
Embraer alerta para dificuldades financeiras com tarifas dos EUA e prevê perda de R$ 20 bilhões até 2030. A empresa enxerga a possibilidade de cancelamentos de pedidos e ajustes na produção devido ao aumento dos custos.
Embraer prevê um impacto financeiro de R$ 20 bilhões até 2030 devido às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
A maioria da receita da Embraer vem dos Estados Unidos, e a empresa enfrenta dificuldades para expandir suas vendas no exterior. Analistas afirmam que essas tarifas aumentam drasticamente os preços das aeronaves e podem levar companhias a cancelar pedidos.
O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, alertou que um custo adicional de R$ 50 milhões por avião é excessivo e poderá resultar na revisão do plano de produção da empresa, impactando receitas e demissões.
As projeções internas apontam para um custo de R$ 2 bilhões só neste ano, podendo chegar a R$ 20 bilhões até 2030. Estes efeitos são comparáveis aos desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19.
Gomes Neto destacou que é difícil redirecionar pedidos para outros mercados, já que 35%-36% das aeronaves da Embraer são projetadas para o mercado americano, com requisitos específicos que limitam sua distribuição. A empresa busca alternativas, como aumentar a produção nos EUA, mas isso ainda é incerto.
Outro risco envolve a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica pelo governo brasileiro, que poderia elevar custos de produção para a Embraer, considerando que 45% dos custos envolvem componentes dos EUA.
Em meio a tudo isso, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, já se reuniu com empresários para discutir a situação. Apesar de pedidos para adiar a tarifação em até 90 dias, o governo planeja manter o cronograma original.
Gomes Neto mostrou-se otimista em relação a possíveis negociações entre Brasil e EUA, citando um acordo bem-sucedido recente com o Reino Unido.