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Como a falsificação da História ganhou as eleições na Polônia

A recente eleição de Karol Nawrocki à presidência da Polônia intensifica as preocupações sobre o controle estatal da narrativa histórica no país. O Instituto da Memória Nacional se torna um instrumento de manipulação, visando silenciar críticas e promover uma visão distorcida do passado polonês.

A Polônia é o país europeu onde a produção e preservação do conhecimento histórico é mais controlada pelo Estado.

Esse controle é exercido pelo Instituto da Memória Nacional (IPN), presidido por Karol Nawrocki, recém-eleito presidente da Polônia, representando uma plataforma de direita nacionalista e anti-União Europeia.

A crítica a esse monopólio é fundamentada na pesquisa de Georges Mink, um historiador francês de origem polonesa. O IPN controla o orçamento, financiando apenas abordagens que atendam seus interesses políticos.

Fundado em 1998, o IPN é o guardião dos arquivos sobre violação de direitos humanos no período socialista e pela ocupação nazista. Originalmente, sua proposta era investigar os crimes da ocupação soviética, mas acabou por consolidar narrativas que beneficiam a política da direita conservadora.

Essa narrativa ignora os crimes cometidos pelos próprios poloneses e retrata o país como uma "vítima perfeita". Mink critica o IPN como "especializado em martirologia".

A política e a história da Polônia estão interligadas de forma complexa, que não se resume ao dualismo de heróis e vilões. O IPN, agora com o nome de “Instituto da Memória Nacional — Comissão para o Julgamento de Crimes contra a Nação Polonesa”, promove uma narrativa simplista de heroísmo nacional.

O partido Lei e Justiça (PIS), que governou em 15 dos últimos 20 anos, reformou o IPN em 2016 e 2018, transformando-o em um megafone de narrativas nacionalistas. Essas leis geraram crises diplomáticas com Ucrânia, Hungria e Israel, negando a colaboração polonesa em crimes históricos, como o pogrom de Jedwabne.

A eleição recente de Nawrocki, que promove a falsificação da História, marca um avanço desse projeto político sob a fachada de incompetência intelectual.

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