Com mais de 90% das reservas mundiais, Brasil deveria usar nióbio como arma para negociar com Trump?
Governo brasileiro busca alternativas para negociar tarifa de 50% imposta pelos EUA, enquanto se prepara para possíveis retaliações. Especialistas analisam o uso do nióbio como recurso estratégico em meio à crescente tensão comercial.
O governo brasileiro está buscando alternativas para negociar ou retaliar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta pelos EUA sob a gestão Donald Trump, que entra em vigor em 1º de agosto.
A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está tentando reverter a medida e se preparando para diferentes cenários, conforme declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Recentemente, o encarregado de negócios da Embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou interesse em minerais brasileiros, como nióbio, lítio e terras raras, durante uma reunião com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O presidente do Ibram, Raul Jungmann, afirmou que esses acordos deveriam ser realizados pelo governo brasileiro, não por empresários. Enquanto isso, brasileiros nas redes sociais sugeriram o uso do nióbio como estratégia de negociação.
O Brasil detém cerca de 92% da produção de nióbio, e os EUA são o quarto maior consumidor do metal, apesar de dependerem de importações. Entre 2020 e 2023, o Brasil forneceu cerca de 66% do nióbio importado pelos americanos.
Embora o nióbio tenha importante aplicação na siderurgia, sua utilização na indústria aeroespacial e de defesa é crítica, destacando seu uso em armas hipersônicas e em turbinas de aviões.
Especialistas alertam que ameaçar com restrições nas exportações de nióbio pode gerar complicações nas relações com os EUA. Ao invés de retaliações, o setor de mineração brasileiro defende uma solução negociada para a crise.
O impacto dessas tarifas sobre as exportações brasileiras não é o maior temor; a preocupação é com possíveis retaliações que afetem produtos americanos importantes para a indústria de mineração.