Com câmbio flutuante, segurar inflação é desafio de Milei na Argentina

Javier Milei, presidente libertário da Argentina, fez uma mudança drástica em sua política cambial, abandonando uma estratégia que visava combater a inflação, mas que gerava insegurança entre investidores.

Ele contava com os controles cambiais para conter a inflação, mas suas reservas de dólares estavam se esgotando. A maioria dos analistas previa que ele manteria essa estratégia até as eleições legislativas de outubro.

No dia 14, Milei anunciou um afrouxamento significativo dos controles cambiais após obter um empréstimo de US$ 20 bilhões do FMI, permitindo uma flutuação parcial do peso e facilitando a compra de dólares.

Ele declarou: "Sempre prometi que, se eu tivesse muitos dólares em mãos, suspenderia os controles." A decisão foi impulsionada pela pressão sobre o banco central, que defendia o peso em queda.

Em sua primeira semana de flutuação, o peso caiu 6%, uma diminuição menor que o esperado. Contudo, manter essa estabilidade é crucial, pois pequenas quedas podem aumentar a inflação.

A confiança no banco central foi restaurada com suporte do FMI e promessas de apoio financeiro dos EUA. Entretanto, a pressão sobre a moeda pode aumentar com a proximidade das eleições.

Após meses turbulentos, incluindo escândalos e tentativas frustradas de nomeações, o apoio popular a Milei caiu de 51,8% para 46,1%.

O acordo com o FMI é considerado uma oportunidade para revitalizar seu governo antes das eleições, onde espera expandir sua minoria no Congresso.

No entanto, Milei não se aliou a conservadores que poderiam ajudar suas chances eleitorais. Um resultado ruim em outubro pode minar a confiança na sua capacidade de controlar a inflação e a moeda.

Analistas alertam que Milei enfrentará desafios semelhantes aos que o governo anterior enfrentou e que precisa gerar resultados que melhorem a vida das pessoas para evitar mudanças de rumo.