Com alta de IOF e bloqueio de orçamento, governo manda recado a BC, dizem economistas
Governo adota medidas fiscais para conter despesas e aumentar arrecadação, mas economistas divergem sobre a eficácia das ações. O aumento do IOF e a contenção orçamentária visam atender às exigências do Banco Central em um cenário fiscal desafiador.
Medidas restritivas anunciadas pelo governo visam sinalizar ao Banco Central sobre questões fiscais. Contudo, a eficácia dessas ações ainda é incerta, segundo economistas.
O governo elevou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e anunciou uma contenção de R$ 31,3 bilhões, sendo R$ 10,6 bilhões bloqueados e R$ 20,7 bilhões contingenciados. A expectativa é arrecadar R$ 20,5 bilhões com a mudança do imposto neste ano e um reforço de R$ 51,8 bilhões em 2025.
Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o governo antecipa a discussão sobre resultado primário, ciente de que a receita crescerá menos do que o previsto. Ele menciona que as medidas podem não ser suficientes para cumprir o arcabouço fiscal.
Após a entrevista sobre as medidas, o ministro Fernando Haddad afirmou no Twitter que as decisões não foram negociadas com o Banco Central. Informações indicam que Galípolo opõe-se às mudanças no IOF.
Vale destaca que a escolha do IOF se deve à sua facilidade de alteração, mas o aumento resultará em custos ao consumidor. Parte do aumento pode ser absorvida pelas empresas, mas alguém terá que arcar com a despesa.
De acordo com Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics, a decisão de aumentar o IOF vai contra as recomendações da OECD e pode dificultar a candidatura do Brasil à organização. Além disso, isso tornará o crédito mais caro, o que pode afetar o crescimento econômico.
Dupita afirma que ajustes fiscais são necessários, mas o governo enfrenta dificuldades para cortar despesas, a não ser que uma reforma seja realizada. Segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP, o aumento do IOF impactará principalmente empresas de cartões internacionais.