Com acordo entre EUA e UE, Brasil entra em semana decisiva para negociar e evitar o tarifaço
Acordo entre EUA e UE evita tarifa de 30% e estabelece taxa de 15% para maioria de produtos. Brasil enfrenta pressão crescente para evitar sobretaxa de 50% em meio à falta de negociações diretas com Washington.
Estados Unidos e União Europeia firmaram um acordo com tarifas de 15% para evitar uma sobretaxa de 30% à UE, anteriormente ameaçada. A medida traz alívio aos mercados e pressiona o Brasil, que ainda não possui canal de negociação direto com os EUA, onde o risco de tarifas de 50% permanece.
O acordo foi anunciado após reunião entre Donald Trump e Ursula von der Leyen, e inclui:
- Tarifa-base de 15% na maioria dos produtos, inclusive automóveis;
- Taxa de 50% para aço e alumínio;
- Produtos farmacêuticos e metais fora do acordo;
- Investimentos de US$ 600 bilhões nos EUA;
- Compra de US$ 750 bilhões em produtos energéticos nos próximos três anos;
- Compromisso com “grandes quantidades” de equipamentos militares americanos.
Trump destacou que o acordo é o “maior” já realizado e que não haverá tarifas para produtos americanos na Europa. As montadoras europeias são apontadas como beneficiárias, pois as tarifas de automóveis cairão de 25% para 15%.
O déficit comercial dos EUA com a UE foi de US$ 235,6 bilhões no último ano, tornando a negociação com o Brasil mais difícil, já que os EUA têm superávit nas relações comerciais com o país. Trump está preparando uma nova base legal para aplicar tarifas ao Brasil, comparando o sistema judicial do país ao da UE.
O chanceler Mauro Vieira se encontra em Nova York e busca sinais de negociação com os EUA. Até agora, os produtos brasileiros afetados incluem carne bovina, café e suco de laranja. A expectativa é que, com o acordo da UE, a pressão sobre o Brasil aumente para reverter a tarifa de 50%.
A situação exige agilidade nas negociações para minimizar prejuízos, conforme declarado por José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.