'Colônia do Brasil?': como influência brasileira gera tensão em Portugal
A adoção do Pix por supermercados em Portugal reacende debates sobre a influência brasileira no país. Enquanto alguns usuários defendem a 'brasileirização', outros expressam preocupações sobre a perda da identidade cultural portuguesa.
Reação à "brasileirização" em Portugal: A página Resistência Lusitana, ligada à direita radical, expressou preocupação ao anunciar que supermercados em Braga aceitarão Pix como pagamento. A maioria dos comentários reflete essa apreensão, afirmando que a "brasileirização" ameaça a identidade portuguesa.
Em contrapartida, muitos brasileiros ironizam o fenômeno, chamando Portugal de "Guiana Brasileira" e mencionam uma "recolonização" cultural, refletindo a crescente influência brasileira nas redes sociais e o uso de expressões culturais.
Em Braga, conhecida por sua comunidade brasileira de 15 mil imigrantes, o uso do Pix visa melhorar a experiência de compra. A cidade já é referida como Braguil. O Continente, além de implementar o Pix, observa um aumento de produtos brasileiros e a adoção de comidas típicas, como feijoada.
Na educação, 19 mil brasileiros estão em instituições portuguesas, com reconhecimento do Enem facilitando a integração acadêmica. Após a graduação, muitos permanecem em Portugal, contribuindo para o intercâmbio cultural.
Contudo, a influência brasileira também provoca reações negativas. Comentários de algumas páginas de direita consideram essa tendência uma "ameaça" à cultura portuguesa, associando-a a um aumento da criminalidade e perda de empregos.
Embora alguns portugueses considerem essas interações como piadas, outros se sentem ofendidos. O debate sobre a variante linguística e a presença brasileira no cotidiano geram divisões entre os cidadãos. A historiadora Patrícia Martins aponta que a idealização do colonialismo português dificulta a aceitação dessa realidade cultural.
O professor Pedro Góis argumenta que a influência brasileira não deve ser vista como uma invasão, mas como uma "partilha" cultural. As reações nas redes sociais, segundo ele, são uma parte inevitável do processo de contato entre as duas culturas.