Cientista lista dificuldades para lançar satélite chinês de Alcântara
Ex-diretor do Inpe aponta desafios logísticos e infraestrutura deficiente na base de Alcântara para o lançamento do Cbers. Ele avalia que, apesar das intenções, a participação da China na operação ainda é a opção mais viável.
Clezio Marcos, ex-diretor do Inpe, comentou sobre a proposta do presidente Lula de lançar um satélite da parceria Cbers na base de Alcântara (MA), considerando a ideia "boa", mas improvável.
Ele destacou os desafios da base, como a infraestrutura e logística inadequadas. Para Clezio, é uma oportunidade de desenvolvimento, mas o mais provável é que o satélite seja lançado pela China, como todos os anteriores.
A principal dificuldade é a falta de um lançador capaz de levar o peso do satélite Cbers-6, que pesa cerca de 800 kg, enquanto o maior lançador brasileiro em desenvolvimento pode suportar apenas 130 kg.
Clezio mencionou que a base precisa de reformas em armazéns, melhorias na logística e atualização da legislação alfandegária, o que encarece o transporte para a região. Ele afirmou: “É um bom exercício para capacitar a base”.
Em visita a Pequim, Lula discutiu o lançamento de um satélite em um jantar com Xi Jinping. A ideia do Brasil é desenvolver a região e criar uma cadeia industrial para futuros lançamentos.
Brasil e China planejam lançar dois satélites: o Cbers-6 em 2028 e o Cbers-5 em 2030, ambos destinados à observação e monitoramento climáticos.
Até agora, a parceria resultou em seis lançamentos, todos realizados na China. O Congresso Nacional, em 2019, aprovou um acordo que limita a participação de países não signatários do MTCR em lançamentos na base brasileira, barrando a China.
A China poderia realizar lançamentos se não utilizasse tecnologia norte-americana, exigindo que o Brasil disponha de um lançador nacional ou que componentes chineses sejam enviados para o Brasil.