Cid diz que Bolsonaro editou minuta do golpe e queria manter manifestantes no quartel
Tenente-coronel Mauro Cid confirma que Bolsonaro teve acesso à minuta de decreto que previa prisões e um regime de exceção no Brasil. O depoimento marca o início dos interrogatórios envolvendo figuras-chave da tentativa de ruptura democrática após as eleições de 2022.
Interrogatório no STF: No dia 9 de outubro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confirmou que o ex-presidente leu e editou uma minuta de decreto que previa a prisão de autoridades após a derrota eleitoral de 2022.
Conteúdo da Minuta: O decreto visava a instalação de um regime de exceção, com prisões de ministros do STF e do presidente do Senado. A minuta também incluía a criação de uma comissão eleitoral paralela.
Entrega do Documento: Filipe Martins entregou o texto no Palácio da Alvorada. Cid viu a minuta editada, mas não presenciou as alterações.
Reuniões com Comandantes Militares: Cid relatou três encontros entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas. O general Almir Garnier se ofereceu para colocar tropas à disposição de Bolsonaro, enquanto o brigadeiro Carlos Baptista Júnior se opôs à discussão do assunto.
Crença em Fraudes: Cid afirmou que Bolsonaro acreditava na existência de fraudes nas urnas, embora não houvesse provas concretas. Ele via o apoio popular nas quartéis como crucial para sua narrativa.
Pressões Internas: Bolsonaro pressionou o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por um relatório mais duro sobre as urnas, cuja entrega foi adiada por questões políticas.
Depoimento Voluntário: Cid negou ter sido coagido pela Polícia Federal e destacou que sua colaboração foi voluntária. Ele não reconheceu uma “organização formal” para o golpe, mas mencionou grupos que sugeriam ideias a Bolsonaro.
Núcleo 1: A oitiva de Cid marca o início dos interrogatórios do “núcleo 1” da ação penal, que inclui outros réus como Walter Braga Netto e Filipe Martins.
Visibilidade do Julgamento: O STF decidiu transmitir os interrogatórios ao vivo, aumentando a relevância do caso na história recente do tribunal.
Provas Reforçadas: Com a homologação do depoimento de Cid, as informações podem ser usadas contra outros membros da suposta organização criminosa, incluindo Bolsonaro.