'Chocante agressão de Trump ao Brasil' é das maiores interferências na América Latina desde a Guerra Fria, diz The Economist
A Economist analisa as recentes tarifas e sanções dos EUA contra o Brasil como uma tentativa de interferência política. A reação contrária da população brasileira pode fortalecer o apoio a Lula antes das eleições de 2024.
A revista The Economist classificou o anúncio dos Estados Unidos sobre a tarifa de 50% nas exportações brasileiras e a suspensão de vistos aos ministros do STF como uma "chocante agressão".
Segundo a publicação, isso representa uma das maiores interferências dos EUA na América Latina desde a Guerra Fria.
O artigo, intitulado "A chocante agressão de Trump ao Brasil", pontua que Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva são "inimigos ideológicos", e menciona a cúpula do Brics em julho como o gatilho para essa ação.
A Economist também descreve a resposta do STF às ações de Jair Bolsonaro como "agressiva". Bolsonaro, agora réu por tentativa de golpe, usa tornozeleira eletrônica e está limitado nas redes sociais.
Apesar da intenção de Trump de fortalecer a direita brasileira antes das eleições, a revista aponta que suas ações estão "saindo pela culatra", aumentando o apoio a Lula.
O Congresso brasileiro, dominado por partidos de direita, está considerando tarifas retaliatórias aos EUA, enquanto setores que tradicionalmente apoiam Bolsonaro criticam as medidas americanas.
A Economist destaca a importância das exportações brasileiras, como café, carne e suco de laranja, e como as tarifas impactarão regiões com forte apoio a Bolsonaro.
A insatisfação também se estende ao Pix, que tem gerado preocupação entre empresas de pagamento americanas. A revista menciona ainda que algumas reclamações sobre práticas comerciais do Brasil têm mérito.
Apesar disso, a publicação sugere que a verdadeira preocupação de Trump possa ser diferente, já que o Brasil tenta negociar um acordo comercial com a Casa Branca desde maio, sem sucesso.