China retoma interesse por ativos no Brasil
Investidores chineses demonstram novo apetite por fusões e aquisições no Brasil, focando em setores estratégicos como infraestrutura e tecnologia. Especialistas apontam que essa tendência decorre de mudanças nas relações comerciais globais e da crescente demanda por serviços relacionados a data centers.
Investidores chineses estão retornando ao mercado de fusões e aquisições (M&As) no Brasil, após um período de menor apetite por ativos. O interesse está concentrado em setores como infraestrutura, energia, mineração e, mais recentemente, tecnologia, especialmente infraestrutura de dados.
Entre as operações recentes, destaca-se a venda da Vast Infraestrutura para a China Merchants (CMP) e a oferta da Sinoma Blade para a Aeris.
A China Nonferrous Metal Mining Group (CNMC) adquiriu ativos no Brasil por US$ 340 milhões e um candidato chinês participou da transação dos ativos de energia da Vale.
O foco no Brasil também se deve ao crescimento da demanda por data centers e pela inteligência artificial, com os investidores buscando áreas e energia limpa disponíveis no país. Além disso, o setor de minerais críticos e energias renováveis ganha destaque.
Segundo banqueiros, a guerra comercial entre EUA e China tem impulsionado o interesse chinês aqui, com a América Latina se tornando uma alternativa viável. Roderick Greenlees, do Itaú BBA, afirma que a presença de estrangeiros em M&As no Brasil aumentou.
Fabio Mourão, do BNP Paribas, indica que o aumento do interesse começou nos últimos 18 a 24 meses, com um novo foco em data centers.
Anderson Brito, do UBS BB, observa que houve uma maior presença chinesa em M&As entre 2009 e 2015, e que com a guerra comercial, agora os chineses se voltam para o Brasil, buscando oportunidades em mineração e infraestrutura.
Antonio Coutinho, do Citi, confirma o aumento na atividade chinesa, enquanto Túlio Cariello, do Conselho Empresarial Brasil-China, menciona que o Brasil se destaca pelo seu mercado consumidor e potencial de investimentos via M&A ou projetos novos.
Li Yong Hong, da Yafela Investimento, acredita que o interesse chinês em relação ao Brasil deve aumentar, primando por joint ventures.
Celso Nishihara, do Banco Fator, nota um crescimento do interesse também no setor automotivo, com a presença de montadoras chinesas como GWM e BYD.