Chefe da Marinha pede para não depor a favor de Garnier em ação sobre golpe
Almirante Marcos Olsen solicita dispensa de depoimento no STF por desconhecimento dos fatos, enquanto defesa do ex-comandante Garnier busca reforçar sua posição. A situação ressalta as tensões internas nas Forças Armadas após a transição de governo em 2022.
Almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ser dispensado de depor como testemunha no processo sobre a tentativa de golpe de Estado no final do governo Jair Bolsonaro.
Olsen foi convocado pela defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, e seu depoimento estava agendado para esta sexta-feira (23). Os advogados de Olsen afirmam que ele “desconhece os fatos” da ação penal e solicitaram o cancelamento de sua oitiva.
A decisão sobre o pedido caberá ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que já pediu manifestação da defesa de Garnier. Olsen não foi intimado oficialmente, tornando sua presença facultativa.
O atual comandante, que era comandante de Operações Navais em 2022, é visto como peça-chave para a defesa de Garnier, argumentando que não houve movimentação da Marinha para apoiar o golpe.
Enfrenta, no entanto, uma situação delicada: defender Garnier pode causar conflito com o Palácio do Planalto, que já mostra desconforto com sua gestão, enquanto depor contra Garnier pode gerar atritos com colegas da Marinha.
- Garnier se recusou a participar da cerimônia de passagem de comando em dezembro de 2022, ação interpretada como política.
- Ele é réu por cinco crimes no STF, incluindo tentativa de golpe de Estado, com denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR).
- O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou que Garnier colocou a Marinha à disposição de Bolsonaro.
Olsen enfrentou também desgaste desde que assumiu, inclusive críticas por um vídeo institucional comparando a vida militar com a rotina civil. A eventual dispensa do seu depoimento pode evitar novos atritos, mas revela as tensões nas Forças Armadas após a transição de poder em 2022.