CEOs se preparam para recessão mesmo após alívio tarifário de Trump impulsionar ações
Suspensão temporária das tarifas traz alívio momentâneo aos mercados, mas empresários alertam para a crescente incerteza econômica. Recessão já é uma preocupação real para setores como varejo e aviação, que enfrentam desafios diante da guerra comercial.
Suspensão de tarifas por 90 dias, anunciada por Donald Trump, impulsionou o mercado de ações na quarta-feira (9). Contudo, a guerra comercial gera pessimismo nas empresas americanas, que se preparam para uma possível recessão.
Dirigentes de grandes empresas, como Delta Air Lines e Walmart, expressam preocupações sobre a demanda e a inação em seus planos de negócios. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, previu aumento na inadimplência devido à deterioração econômica.
As montadoras estão oferecendo descontos para atrair consumidores temerosos, enquanto Ed Bastian, da Delta, reconheceu mudanças recentes nas perspectivas econômicas. "Estamos agindo como se estivéssemos entrando em uma recessão", afirmou.
Trump anunciou a suspensão de tarifas de 90 dias sobre produtos de diversos parceiros comerciais, enquanto aumentou tarifas sobre a China para 125%. O índice S&P 500 viu seu maior ganho diário desde 2020 após o anúncio.
O Walmart se prepara para um mercado em declínio, prevendo um crescimento de 3% a 4% nas vendas líquidas, mas reconhecendo volatilidade nas vendas. Para analistas, a estratégia de manter preços pode reduzir lucros no curto prazo.
Com um aumento de 32% na dívida corporativa americana inadimplente, empresas como Michaels e Saks enfrentam dificuldades. A Catalyst Brands anunciou cortes em sua força de trabalho, enquanto pequenas empresas enfrentam desafios de produção e custos elevados.
Os consumidores estão se preparando para preços mais altos, alterando seus hábitos de compra. As vendas de alguns varejistas se beneficiaram de compras por pânico, mas o futuro permanece incerto.
A Apple, dependente de produção na China, pode ver seus preços aumentarem significativamente devido a tarifas. O Bank of America estima que os custos dos iPhones possam subir em até 90%.
O aumento das tarifas resultou em retaliações da China, que impôs tarifas de 84% sobre produtos americanos. A guerra comercial se intensifica, gerando uma atmosfera de ansiedade entre consumidores e empresas.
Em conversas com clientes, o CEO da Air France-KLM notou que, apesar da hesitação, os consumidores continuam a gastar em classe premium, mas a demanda em classe econômica começa a cair.