Cartas secretas, prisão e Chico Buarque: os bastidores da relação do papa com Lula
Carta do papa Francisco a Lula revela apoio espiritual em momento difícil do ex-presidente. A troca de mensagens gerou repercussão e aproximação entre o pontífice e Lula durante sua prisão.
Em maio de 2019, durante sua prisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu uma carta do papa Francisco, que havia sido enviada em resposta a uma mensagem de agradecimento de Lula por seu apoio ao povo brasileiro. As missivas marcaram uma aproximação entre Lula e o papa, envolvendo reuniões no Vaticano e diplomáticas.
A carta do papa, datada de 3 de maio de 2019, menciona "as duras provas" que Lula enfrentou, incluindo a perda de entes queridos. O papa aconselha Lula a "continuar acreditando em Deus". O conteúdo gerou críticas entre bolsonaristas, mas o então presidente Jair Bolsonaro não comentou.
Após a prisão de Lula em abril de 2018, uma campanha de seus apoiadores criticou o que consideravam irregularidades nos processos judiciais. Audências com o papa incluíram uma comitiva de apoio em julho de 2018, onde foram discutidas alegações de lawfare contra Lula. Outra reunião em novembro contou com a presença de Chico Buarque, e resultou na entrega de 500 páginas de documentos sobre a prática de lawfare.
Depois de vários meses, em julho de 2019, Gilberto Carvalho, assessor de Lula, foi encarregado de entregar uma carta ao papa, que fez isso por meio de um amigo íntimo do pontífice em uma livraria em Roma. Posteriormente, recebeu uma resposta do papa, que deveria ser mantida em sigilo.
Carvalho organizou o envio da resposta a Lula, e consultou Juan Grabois para obter autorização para divulgar a carta. Após a confirmação do papa, conteudoss da carta começaram a ser vazados na Europa antes de serem divulgados na imprensa brasileira.
Lula foi libertado em novembro de 2019 e fez sua primeira viagem ao Vaticano como ex-presidente em fevereiro de 2020.