Carro chinês com taxa menor é ‘afronta ao governo e ao trabalhador’, diz presidente da Anfavea
Igor Calvet assume a presidência da Anfavea em um cenário de intensas disputas entre montadoras tradicionais e chinesas. O setor automotivo brasileiro enfrenta pressões para aumentar tarifas de importação em meio à crescente concorrência e mudanças nas políticas públicas.
Igor Calvet, novo presidente da Anfavea, enfrenta um cenário desafiador na disputa entre montadoras tradicionais brasileiras e fabricantes chinesas, como a BYD.
Calvet critica pedidos de redução das tarifas de importação feitos por montadoras chinesas, afirmando que isso representa uma “afronta” ao Estado brasileiro. A Anfavea busca antecipar o aumento da tarifa de importação de veículos elétricos, de 18% para 35%, previsto para 2026.
O executivo de 40 anos, com experiência em governos anteriores, teme a divisão do governo entre as montadoras brasileiras e chinesas. Além disso, ele discute a regulação do IPI Verde, que visa tributar veículos segundo critérios de eficiência energética.
Calvet destaca a preocupação com a competição desleal e a possibilidade de desvio de investimentos para o México, especialmente em um cenário econômico global instável e com novas tarifas dos EUA.
No contexto das importações, a Anfavea registrou um pico significativo, com quase 200 mil veículos importados em 2023, a maioria da China. Calvet afirma que os EUA e Europa aplicam tarifas muito mais altas que o Brasil, destacando a vulnerabilidade da manufatura brasileira.
A busca por novos mercados na América Latina é uma prioridade, com foco na Argentina, Colômbia e México. Calvet ressalta que o Brasil precisa fortalecer sua competitividade e recuperar sua participação no mercado automotivo da região, que caiu de 25% para 13% nos últimos dez anos.
A discussão sobre o IPI Verde e seu impacto nas alíquotas tributárias é uma preocupação central, com a Anfavea se posicionando contra um possível aumento de carga tributária. O futuro da indústria automotiva brasileira dependerá de como o governo abordará as questões fiscais e as negociações comerciais.