Cardeal brasileiro fala em 'crise das democracias' e diz que novo papa deve colher 'sinais dos tempos'
Dom Jaime Spengler ressalta a importância de um papa atento aos sinais dos tempos, mais do que às suas origens geográficas. Em meio ao luto pela morte de Francisco, ele reflete sobre os desafios da Igreja e a necessidade de um líder capaz de dialogar com as novas gerações.
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, comenta sobre as expectativas em relação ao novo papa após a morte de Francisco, o primeiro papa latino-americano. Ele destaca a importância de saber "colher os sinais dos tempos" e afirma que a origem geográfica do novo líder não é fundamental.
Em entrevista, dom Jaime faz uma reflexão sobre o estilo de Francisco, que se destacou pela simplicidade e acolhida. Ele compartilha uma anedota sobre o papa e discute a questão da rotulação ideológica na Igreja, dizendo que isso não se aplica ao papel de bispo de Roma.
Dom Jaime também observa que o colégio de cardeais se tornou mais plural, com oito de cada dez sacerdotes nomeados por Francisco. O Brasil possui sete cardeais habilitados a votar no conclave.
Embora reconheça desafios como a dimensão global da fé católica, dom Jaime afirma que a Igreja está cada vez mais comprometida com as causas ambientais, citando o Sínodo da Amazônia e o documento Laudato Si.
O arcebispo critica a polarização na sociedade e defende a necessidade de estadistas para promover o entendimento entre os povos. Ele fala sobre a importância de um acolhimento às comunidades LGBTQIA+ e a necessidade de respeito a todos os seres humanos.
Além disso, dom Jaime aborda como a Igreja deve lidar com as denúncias de abuso sexual, afirmando que isso deve ser tratado com rigor, justiça e misericórdia.
Na sua trajetória, dom Jaime foi ordenado padre em 1990, se tornou arcebispo em 2013 e foi nomeado cardeal em 2023, tendo estudado filosofia e teologia em Roma.