Brics critica uso indiscriminado de tarifas, mas evita menção a Trump
Ministros do Brics criticam protecionismo unilteral e defendem um comércio internacional baseado nas regras da OMC. O documento final, que inclui preocupação com a fragmentação econômica global, será divulgado nesta terça-feira.
Ministros do Brics se reuniram para discutir a guerra comercial iniciada por Donald Trump, negociando um documento que critica o protecionismo unilateral e o aumento de tarifas.
Apesar da crítica, o texto evita mencionar Trump diretamente, visando não transformar o Brics em uma plataforma antiamericana. Uma declaração final dos chanceleres deve ser divulgada em breve.
O atual bloco é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. No documento, os ministros expressam preocupação com a fragmentação da economia global e o enfraquecimento do multilateralismo, defendendo a OMC como a única instituição capaz de regular o comércio internacional.
O texto aponta que as medidas protecionistas desestabilizam cadeias globais de suprimento e aumentam a incerteza econômica. O Brics apela por ações em defesa do livre comércio e do sistema multilateral, visando um ambiente favorável especialmente para países emergentes.
Enquanto a China buscava responsabilizar os EUA pela guerra tarifária, outros membros do Brics evitaram essa abordagem para não reforçar a imagem de aliança antiamericana. O Brasil, sob a presidência do grupo, procura reverter os efeitos das tarifas sem antagonizar os EUA.
A finalização do documento está pendente de um acordo sobre a reforma da ONU, especialmente do seu Conselho de Segurança. O governo Lula busca incluir a ambição do Brasil por um assento permanente, mas rivalidades regionais complicam o consenso.
Divergências entre Egito, Etiópia e Indonésia acerca do tema podem ser deixadas como uma nota de rodapé no documento final, evidenciando as tensões internas do bloco.