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Brasileiros ganham quase R$ 1 tri em lucros e dividendos; 160 mil ficam com metade do valor

Crescimento dos lucros e dividendos coloca Brasil em novo patamar de concentração de riqueza, com 160 mil pessoas detendo quase metade dos ganhos. Proposta de reforma tributária busca maior equidade, mas apenas uma fração dos milionários será impactada por novas alíquotas.

Renda com lucros e dividendos no Brasil atinge recorde de R$ 999 bilhões em 2023, um aumento de R$ 129 bilhões em relação a 2022.

Desse total, 47% foi recebido por apenas 160 mil pessoas, pertencentes ao grupo de 0,1% mais ricos.

A renda é isenta de impostos, e os dados foram retirados das declarações de IRPF de 2023. Cerca de 5,6 milhões de pessoas declararam receber dividendos, com um paulista relatando R$ 5,1 bilhões.

Estudo do Ipea revela que 12,5% da renda disponível bruta das famílias foi concentrada no topo. A concentração aumentou 0,47 ponto percentual em relação a 2022.

O JCP (juro sobre capital próprio) também está incluído nos dividendos recordes. Uma proposta de lei está em discussão para estabelecer um imposto mínimo de 10% sobre a renda de milionários, visando aumentar o limite de isenção do IRPF.

O projeto estabelece que a retenção na fonte sobre dividendos enviados ao exterior será de 10% a partir de 2024. Os dados indicam que 244 mil declarantes recebem acima de R$ 610 mil, sendo que mais de 90% do novo imposto sobre milionários seria arrecadado de quem ganha mais de R$ 1,2 milhão anuais.

Apesar das mudanças, muitos milionários podem ficar isentos da taxação adicional. 141 mil pessoas podem ser afetadas pelo imposto mínimo e cerca de 78 mil pertencem ao 0,1% mais rico.

Os rendimentos de aplicações financeiras saltaram de R$ 133,7 bilhões para R$ 399,7 bilhões em 2023 devido a alterações na legislação tributária.

A concentração de renda do 1% mais rico foi de 24,4%, e do 0,1% passou de 9,1% em 2017 para 12,5% em 2023, o maior nível desde que existem dados do IRPF.

Embora indicadores de rendimento do trabalho mostrem melhora, a desigualdade de renda ainda persiste, segundo dados do IBGE.

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