Brasil tem pouco a perder retaliando EUA e Trump respeita coragem, diz Nobel de Economia à BBC Brasil
Krugman recomenda que o Brasil tenha coragem e considere retaliar às tarifas de Trump, destacando que o país tem pouco a perder. O economista argumenta que mostrar força pode ser mais eficaz do que tentativas de concessões diante da política americana.
Paul Krugman, especialista em comércio internacional e vencedor do Prêmio Nobel de Economia, comenta sobre as tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros que começam a valer na próxima semana. Ele sugere que o Brasil pode retaliar, já que retaliação teria mais chances de fazer Trump recuar do que oferecer concessões.
Trump, no entanto, anunciou que qualquer retaliação brasileira resultaria em tarifas ainda mais altas. O governo brasileiro está em negociações para evitar a implementação das tarifas. Krugman destaca que a melhor alternativa seria retaliação, que poderia trazer benefícios a longo prazo.
Ele critica as decisões de Trump, que contrariam acordos internacionais, e menciona a participação de Bolsonaro nos Brics como um fator que não deve ser sobrecarregado ideologicamente.
Krugman elogia o Pix, sistema de pagamentos brasileiro, afirmando que representa uma inovação significativa e que a investigação dos EUA sobre ele é "insana". Segundo ele, se o sistema brasileiro é mais eficaz que as opções americanas, deveria ser considerado legítimo.
O economista também menciona a possibilidade de que o Brasil estabeleça uma moeda digital de banco central, destacando que a complexidade está mais na política do que na tecnologia.
Além disso, Krugman destaca que a posição dos EUA em relação ao Brasil é mais pessoal do que ideológica, pois Trump se identifica com Bolsonaro. Ele advoga que as decisões atuais dos EUA violam acordos comerciais vigentes.
Krugman conclui que estamos vivenciando mudanças fundamentais na democracia americana, e a futura evolução dessa situação dependerá das próximas eleições e do suporte público às instituições democráticas.