Brasil recebe de operários a CEOs da China e vê importação de mão de obra triplicar
Brasil atrai mão de obra qualificada da China em meio a novas relações comerciais. Aumento expressivo nos vistos para trabalhadores chineses reflete a busca por tecnologia e expertise em diferentes setores.
Brasil recebe profissionais chineses em alta
O Brasil está se tornando um destino significativo para profissionais da China, com um aumento expressivo no número de trabalhadores chineses nos últimos dois anos. Em 2024, 7.772 chineses obtiveram autorização para morar no país como expatriados, mais de três vezes o número de 2022.
Os dados são de um levantamento do Observatório das Migrações Internacionais, da Universidade de Brasília, em parceria com o Ministério da Justiça. Um em cada cinco vistos para profissionais empregados foi concedido a cidadãos chineses, que lideram as estatísticas.
Essa mudança no perfil de imigrantes inclui agora executivos e especialistas, ao invés de trabalhadores sem formação que costumavam abrir pequenos comércios.
A exportação de mão de obra chinesa a princípio é incentivada por Pequim. Um pedido de Hu Jintao em 2009 solicitou ao Brasil a facilitação de vistos de trabalho para funcionários chineses. A nova lei de migração de 2017 também simplificou essas aprovações.
O total de autorizações para chineses em 2024 foi o maior desde 2013. Após a pandemia, os EUA caíram para o terceiro lugar no número de trabalhadores que chegam ao Brasil, superados por Filipinas.
Com um perfil variado, os técnicos chineses estão envolvidos em assistência técnica e transferência de tecnologia, além de executivos em posições de comando. Em média, 20% a 30% dos funcionários em multinacionais chinesas no Brasil são importados.
De 2021 a 2024, mais de 700 executivos chineses chegaram ao Brasil. Destes, mais de 4.000 entraram como assistentes técnicos somente em 2024, representando 57% dos registros.
O país é visto como um mercado crescente para investimentos, com planos de expansão em setores como telefonia e veículos elétricos. Em 2024, foram abertas 50 novas empresas chinesas no Brasil.
Os estados de São Paulo e Bahia foram os principais destinos para esses expatriados, recebendo investimentos de montadoras como a BYD.
No entanto, a BYD enfrenta um inquérito por trabalho escravo relacionado a sua construção de fábrica, o que levanta preocupações sobre as condições de trabalho dos imigrantes.
Em nota à imprensa, a BYD declarou que está colaborando com as autoridades e que não tolera violações às leis e direitos humanos.