Brasil pode sair ganhando com tarifaço de Trump?
Tarifa extra de 10% imposta pelos EUA gera alívio no Brasil, que pode ter impactos mistos no comércio. Especialistas alertam para a incerteza econômica global e seu efeito sobre as exportações brasileiras.
Alívio no Brasil com tarifa de 10% do governo Trump
O Brasil foi classificado com a menor alíquota extra de importação, de 10%, pelos EUA, resultando em certa tranquilidade após temores iniciais sobre um grande tarifaço.
A tarifa aumentará os preços de produtos brasileiros nos EUA, mas em menor escala do que para países como Índia (26%), Japão (24%) e União Europeia (20%). No caso da China, as taxas chegam a até 54%.
A reação da China inclui tarifas retaliatórias de 34% sobre produtos dos EUA, prevista para iniciar em 10 de abril.
Embora a percepção inicial seja negativa, com riscos para o crescimento econômico global, pode haver ganhos para o Brasil, como aumento de competitividade e vendas de commodities para a China.
A desvalorização do dólar pode aliviar a inflação no Brasil, mas a trajetória da moeda permanece incerta, com um fechamento em R$ 5,83 após forte alta.
Jorge Viana, da ApexBrasil, advertiu que vantagens não compensarão um cenário global pior devido ao enfraquecimento do multilateralismo.
Impactos positivos incluem crescimento das exportações do agronegócio para a China e a possibilidade de aumentar as vendas de café e sorgo nos EUA.
A consultoria MB Associados prevê aumento nas trocas Brasil-China, com comércio em US$ 200 bilhões, enquanto as trocas com os EUA podem cair para US$ 60 bilhões.
A resistência da França ao acordo Mercosul-União Europeia ainda persiste, apesar das expectativas de que o tarifaço possa acelerar a implementação do tratado, que chama atenção para oportunidades e desafios para algumas indústrias brasileiras.
Por fim, a queda do dólar poderia ajudar a controle de inflação, afastando a possibilidade de ultrapassar a meta do Banco Central, hoje estimada em 5,1%.