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Brasil intensificava perseguição a imigrantes japoneses ao declarar guerra há 80 anos

Brasil declare guerra ao Japão e inicia perseguições a imigrantes nipônicos. Comunidade japonesa testemunha violações de direitos durante o conflito e busca reconhecimento do Estado.

Em 6 de junho de 1945, o Brasil declarou guerra ao Império Japonês, após já estar em conflito contra a Itália e Alemanha desde 1942. O ministro interino das Relações Exteriores, José Roberto de Macedo Soares, justificou a decisão como a defesa da América e, portanto, do próprio Brasil.

A declaração de guerra foi motivada por afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos europeus. Apesar do Japão não estar diretamente envolvido, as hostilidades contra a comunidade nipônica no Brasil começaram com o rompimento das relações diplomáticas.

No 8 de julho de 1943, o governo brasileiro expeliu todos os japoneses e alemães de Santos em 24 horas, alegando espionagem. Enquanto os alemães saíram por conta própria, os japoneses foram forçados a deixar suas casas sob forte aparato militar.

As deportações foram severas: muitas famílias, como a de Hidemitsu Miyamura, sofreram privações ao serem levadas para a Hospedaria dos Imigrantes e depois para outros locais.

Com a guerra declarada, as prisões arbitrárias aumentaram, sendo a mais notória o Presídio da Ilha Anchieta. O empresário Akira Yamauchi relatou a prisão de seu pai por se recusar a pisar na bandeira do Japão, representando a divisão na comunidade japonesa entre "vitoristas" e "derrotistas".

A entidade secreta Shindo Remmei foi responsável por homicídios de "derrotistas", enquanto o governo intensificava a repressão, resultando na prisão de 172 imigrantes japoneses.

Apesar de casos de tortura e maus tratos no presídio, muitos permaneceram desconhecidos por décadas. Em julho de 2024, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reconheceu a perseguição e fez um pedido formal de desculpas.

Miyamura expressou seu desejo de que os que sofreram possam ouvir essas desculpas, destacando a importância da memória dessa história.

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