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Brasil foi base secreta para infiltração de espiões russos

Agentes da Polícia Federal brasileira desmantelam uma complexa rede de espionagem que utilizava identidades falsas de cidadãos brasileiros para infiltrar agentes russos no exterior. A operação revela as táticas audaciosas do Kremlin, que transformou o Brasil em um centro de recrutamento para espiões.

Artem Shmyrev, um oficial da inteligência russa, criou uma identidade falsa como Gerhard Daniel Campos Wittich, vivendo no Brasil por seis anos. Com um negócio de impressão 3D e uma vida estável no Rio de Janeiro, ele aspirava a ser um espião ativo.

Uma investigação do New York Times revelou que a Rússia usou o Brasil como plataforma de lançamento para espiões qualificados, conhecidos como ilegais. Esses agentes abandonaram suas identidades russas para construir vidas credíveis no Brasil, com o objetivo de espionagem em outros países.

Nos últimos três anos, a Polícia Federal brasileira caçou esses espiões. Ao menos nove oficiais russos foram identificados operando sob identidades falsas, com apoio de serviços de inteligência de vários países. A investigação ficou conhecida como Operação Leste.

A operação se intensificou após a Rússia invadir a Ucrânia em 2022. Com essa decisão, as relações entre Brasil e Rússia se tornaram mais tensas, e a investigação brasileira resultou na captura de quatro espiões, enquanto outros fugiram.

Um dos maiores casos foi o de Sergey Cherkasov, um oficial russo que usou a identidade de Victor Muller Ferreira e foi preso no Brasil. Após a descoberta de sua verdadeira identidade, a investigação se expandiu para identificar outros espiões com falsificações sofisticadas.

Utilizando um método rigoroso, os agentes da PF analisaram milhões de registros para encontrar "fantasmas" — indivíduos com certidões de nascimento válidas, mas sem rastros de vida. Esses documentos eram fundamentais para a criação de identidades falsas.

A operação teve sucesso em desmantelar a "fábrica de espiões" da Rússia, mas muitos agentes, incluindo Shmyrev, conseguiram escapar. Notificações da Interpol foram emitidas para alertar os países sobre eles.

A prisão de Cherkasov foi um dos poucos sucessos da operação, enfrentando agora questões sobre sua verdadeira identidade e as implicações para os métodos de espionagem russo.

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