'Brasil é hoje um sistema mais democrático do que os Estados Unidos', diz autor do best-seller 'Como as democracias morrem'

Instituições brasileiras estão mais democráticas que as americanas, segundo Steven Levitsky, professor de Harvard e autor do livro "Como as democracias morrem". Em entrevista à BBC News Brasil, ele afirmou que o Brasil respondeu melhor às ameaças democráticas durante e após as eleições de 2022 em comparação com os Estados Unidos, que enfrentaram a tentativa de invasão ao Capitólio em 2021.

Levitsky elogiou o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF) na proteção da democracia durante o governo Bolsonaro, mas alertou sobre o risco de o STF extrapolar seu papel após a crise. Ele critica as ações de Donald Trump, como a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras e a imposição de sanções, considerando-as um ato de bullying que mina a democracia.

O professor qualificou a interferência dos EUA no Brasil como personalizada e desinformada, e diferente das políticas do passado na Guerra Fria. Segundo ele, as instituições americanas falharam em responsabilizar Trump por suas ações, resultando em um nível mais baixo de democracia nos EUA atualmente.

Levitsky acredita que o governo brasileiro se tornou alvo de Trump por não se submeter aos desafios americanos e que o controle sobre Trump é crucial. Ele apontou que, enquanto o Brasil se defende de ameaças à democracia de maneira mais efetiva, as instituições de controle nos EUA não têm conseguido fazer o mesmo.

No contexto atual, Levitsky vê o Brasil em uma posição democrática mais forte que os Estados Unidos, embora reconheça as dificuldades existentes em ambos os países. Ele destacou que a situação é complexa, e que o STF deve, após a crise, assertivamente manter sua posição sem extrapolar seus limites.