Brasil é economia grande demais para ser satélite de outro país, diz Haddad sobre guerra comercial
Haddad destaca a importância da diplomacia comercial do Brasil frente à instabilidade econômica global e prevê crescimento nas exportações de commodities. O ministro também planeja atrair investimentos em data centers, aproveitando as vantagens competitivas do país em energia limpa.
O Brasil é uma economia grande demais para ser satélite de qualquer outro país, afirmou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) em evento do Banco Safra.
Segundo ele, a situação de conflito econômico mundial é uma oportunidade para o Brasil fortalecer sua diplomacia comercial e obter vantagens bilaterais.
A estratégia do governo será manter relações comerciais com Estados Unidos, China e Europa.
Questionado sobre os riscos de uma inundação de produtos importados que possam prejudicar a indústria nacional, Haddad destacou que o ministro Geraldo Alckmin deve calibrar os subsídios para proteger a economia local.
Ele mencionou que a incerteza econômica global complica o planejamento, mas que a habilidade diplomática de Luiz Inácio Lula da Silva é um trunfo. "Ele tem autoridade junto ao G20 e boa interlocução com europeus", afirmou.
O ministro também ressaltou que o Brasil ganhou credibilidade internacional ao seguir as boas práticas da OCDE e pode avançar no acordo do Mercosul com a União Europeia.
"Conversei com o ministro das Finanças da França e vi uma abertura maior", disse
Haddad.
A expectativa é que o Brasil aumente a exportação de commodities agrícolas e minerais críticos, como cobre e zinco, ainda neste ano.
Haddad anunciou que irá à Califórnia esta semana para atrair investimentos em data centers. O país importa 70% dos serviços de TI que utiliza atualmente.
Ele destacou as vantagens competitivas do Brasil para data centers, com infraestrutura de cabeamento e energia limpa, que podem ser aproveitadas.
Apesar da pressão de Trump para que empresas de tecnologia invistam nos EUA, Haddad acredita que há espaço para atrair investimentos em energia limpa no Brasil, cuja matriz elétrica é quase 90% renovável.
O governo também pretende atrair capital privado e manter o consumo das famílias para estimular o crescimento, além de planejar a entrega de mais de 30 concessões de rodovias.
"O investimento ainda está muito baixo no Brasil", concluiu o ministro.