Brasil deve aproveitar crise entre China e frigoríficos dos EUA para reforçar exportação de carne ao país asiático, dizem economistas
Brasil busca ampliar exportações de carne para a China em meio a tensões comerciais dos EUA. Economistas veem oportunidade única para o país se consolidar como principal fornecedor.
Economistas avaliam que o Brasil deve aproveitar o esfriamento nas relações entre Estados Unidos e China para fortalecer o comércio de carne com o país asiático.
No início de março, Donald Trump anunciou tarifas sobre importações de 180 países, gerando respostas globais no mercado. Após chamadas de outros países, ele suspendeu os impostos por 90 dias.
A tensão permanece, pois a China cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA e não renovou a habilitação de 390 frigoríficos americanos. Isso afeta 60% das empresas dos EUA autorizadas a exportar carne para a China, resultando em uma projeção de perda de US$ 5,4 bilhões.
Essa postura da China pode aquecer as relações comerciais entre Brasil e China. O Brasil exportou US$ 1,36 bilhão de carne bovina para a China de janeiro a março de 2025, consolidando sua posição como o maior exportador para o país asiático.
O Brasil possui 65 plantas frigoríficas em operação e é líder mundial na exportação de carne. Em 2022, alcançou vendas de US$ 1,55 bilhão para a China no primeiro trimestre, após o fim do embargo à carne brasileira.
O doutor em relações internacionais, Lucas Leite, e o economista Felippe Serigati destacam que essa é uma janela de oportunidade única para o Brasil, especialmente com as dificuldades que os EUA enfrentam, como o menor rebanho em 70 anos.
A expectativa é que o Brasil receba o reconhecimento da OMS como área livre de febre aftosa sem vacinação em maio.
Entretanto, existe o temor de que o aumento nas exportações impacte a inflação no mercado interno. O Ministério da Agricultura assegura que isso não deve ocorrer, pois as trocas com a China são predominantemente de miúdos do boi, os quais não afetam o consumo interno.