Brasil busca investidores para explorar potencial de reservas de terras raras
Brasil busca aproveitar sua rica reserva de terras raras para ingressar na produção global, atualmente dominada pela China. O projeto Magbras visa estabelecer uma cadeia produtiva nacional até 2027, enfrentando desafios como custos competitivos e atração de investidores.
O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de terras raras, essenciais para produtos de alta tecnologia, mas ainda não as transforma em valor.
Com a disputa comercial entre superpotências, surge uma oportunidade para o país entrar na cadeia produtiva, atualmente dominada pela China.
Uma política industrial está sendo implementada para incentivar investimentos na área, enfrentando desafios como:
- Produzir concentrados a custo competitivo;
- Encontrar compradores;
- Garantir fluxo contínuo de investimentos.
Terras raras incluem 17 minerais, como neodímio e praseodímio, usados em superímãs, e têm grande relevância no mercado global, onde quase 90% é controlado pela China.
Recentemente, Pequim impôs restrições à exportação de ligas, aumentando o risco geopolítico da dependência brasileira.
Um consórcio público-privado, o Magbras, busca demonstrar a viabilidade da cadeia produtiva no Brasil até 2027, contando com R$ 73,3 milhões do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
A planta de demonstração em Lagoa Santa (MG) iniciou operações para separar óxidos e fabricar ímãs permanentes.
O coordenador André Faria ressalta a importância de formação de mão de obra especializada para escalar a produção.
Fernando Landgraf, da Poli-USP, enfatiza três questões críticas a serem respondidas:
- Garantir preços competitivos;
- Atrair compradores alternativos;
- Definir a escala industrial para retorno econômico.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) identificou 27 projetos de pesquisa em vários estados, com apoio do BNDES e da Finep para mobilizar R$ 5 bilhões, junto a R$ 1 bilhão para pequenas e médias empresas.
A mineradora Serra Verde em Minaçu (GO) é o primeiro projeto comercial brasileiro em operação, com toda a produção exportada para a China.
Em Poços de Caldas (MG), as australianas Viridis Mining e Meteoric Resources planejam projetos de exploração, enquanto em Jequié (BA), a Brazilian Rare Earths avança em sondagens.
Para atrair investimentos, a advogada Liliam Yoshikawa aponta a necessidade de reduzir inseguranças legais e resolver conflitos de território com áreas indígenas e quilombolas.