Brancos ganham mais até em profissões de maioria negra, diz estudo
Estudo revela que, apesar de uma leve diminuição na desigualdade salarial, trabalhadores negros ainda ganham muito menos que seus colegas brancos. Levantamento destaca a persistência do racismo e preconceitos na remuneração entre diferentes grupos.
Desigualdade Salarial no Brasil: novo levantamento do Cedra revela que homens e brancos recebem mais que mulheres e negros em cargos similares.
Dados divulgados em 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, mostram que mesmo em profissões com predominância de funcionários negros, trabalhadores brancos são mais bem remunerados.
A pesquisa analisou dados da Pnad entre 2012 e 2023, com recortes de gênero e raça. Ocupações com 60% ou mais de determinada raça foram classificadas como predominantemente negras ou brancas.
- Predominantemente negras: carpinteiros, trabalhadores de serviços domésticos.
- Predominantemente brancas: analistas de sistemas, médicos, juízes.
O rendimento médio dos profissionais pretos e pardos em ocupações majoritariamente negras foi de 74,4% do rendimento de brancos entre 2012 e 2023.
Em 2012, negros ganhavam em média R$ 577,25 contra R$ 675,79 dos brancos. Em 2023, os salários foram de R$ 1.524,10 e R$ 1.808,46, respectivamente.
A diferença salarial é atribuída ao racismo e preconceitos nos processos de contratação, conforme Daniele Mattos, especialista na área.
Em ocupações majoritariamente brancas, os negros ganhavam apenas 64,2% do salário dos brancos. Em 2023, essa porcentagem subiu para 82,6%.
Os salários em 2012 eram de R$ 2.347,05 para negros e R$ 3.580,32 para brancos. Em 2023, os valores foram R$ 5.510,48 e R$ 6.672,18, respectivamente.
A rede de contatos e o racismo institucional também contribuem para essa desigualdade, dificultando o acesso a cargos de liderança.
A pesquisa destaca que, em geral, o rendimento de ocupações predominantemente negras representa 22,4% do rendimento das ocupações brancas, com um aumento de 19,4% em 2012 para 26% em 2023.
A desigualdade diminuiu, mas ainda é significativa em relação às ocupações predominantemente negras, observam os especialistas.