Bolsonaro atuou para impedir posse de Lula e foi advertido sobre prisão, diz ex-comandante da Aeronáutica
Ex-comandante da Aeronáutica aponta conluio de Bolsonaro para impedir posse de Lula. Depoimento revela planos que visavam garantir a permanência do ex-presidente no poder após a derrota eleitoral.
Ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, depôs no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
Baptista Junior é testemunha de acusação na ação sobre um suposto núcleo golpista, com Bolsonaro entre os réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de liderar um golpe para manter-se no poder.
Durante seu depoimento, Baptista Junior mencionou que discutir a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) após as eleições era inicialmente visto como uma ação para desobstruir estradas, mas com o tempo, ficou claro que o objetivo era impedir a posse de Lula.
A reunião em que se discutiu a GLO ocorreu em 14 de novembro de 2022. O então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, apresentou uma minuta que tinha como objetivo garantir que Lula não assumisse em 1º de janeiro de 2023.
Baptista Junior relatou que o comandante da Marinha, Almir Garnier, aderiu ao plano, mas afirmou que não havia consenso entre os militares. Ele também confirmou que Bolsonaro estava ciente da lisura das eleições, mas pressionou pelo adiamento de um relatório que comprovaria isso.
Em relação à reunião, Baptista Junior destacou que o comandante do Exército, Freire Gomes, alertou que teria que prender Bolsonaro se qualquer ação golpista fosse tentada. Freire Gomes, em depoimento anterior, negou ter dado uma voz de prisão, mas avisou que o ex-presidente poderia ser “implicado juridicamente” se atuasse fora da legalidade.