BC tem razões para continuar a elevar a Selic, diz Alberto Ramos, do Goldman Sachs
Economista do Goldman Sachs sugere que aumento de 0,25 ponto percentual na Selic pode ser necessário para enfrentar a pressão inflacionária persistente. A expectativa de crescimento econômico acima do esperado levanta incertezas sobre a desaceleração prevista para o segundo semestre.
Banco Central pode aumentar a Selic em junho
O Banco Central (BC) ainda considera a possibilidade de elevar a taxa de juros na próxima reunião de política monetária, marcada para junho, apesar de expectativas de que o ciclo de aumento tenha terminado com a Selic a 14,75% ao ano.
Essa análise é do economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, que participou de um painel em São Paulo. As declarações do presidente do BC, Gabriel Galípolo, foram interpretadas como um sinal de que os aumentos da Selic podem ser interrompidos, mas Galípolo afirmou que os juros permanecerão altos por um período prolongado e que cortes ainda não estão em discussão.
Ramos ressalta que a inflação continua elevada e projeta que o IPCA deve ultrapassar a meta de 3% até 2027. Ele defende um aumento de 0,25 ponto percentual em junho e a manutenção de juros restritivos por mais tempo.
A economia brasileira mostra resiliência surpreendente, com consumo aquecido devido a medidas de estímulo, como programas habitacionais e crédito consignado. Essa situação dificulta o trabalho do BC em controlar a inflação.
Ramos teme que o governo utilize "métodos criativos" para manter a demanda aquecida aproximando-se das eleições de 2026, o que poderia subestimar as projeções de inflação do BC. Ele também observa que a política monetária é a única âncora crível atualmente.
No contexto internacional, a combinação de dólar fraco e juros americanos menos agressivos favorece o Brasil, atraindo investimentos estrangeiros. No entanto, Ramos alerta sobre o risco de uma aversão global ao risco, mais preocupante do que uma desaceleração econômica mundial.