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BC precisa ser muito mais duro para ancorar as expectativas, diz Kanczuk, do ASA

Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, argumenta que o BC deveria adotar uma postura mais rigorosa para conter a inflação a longo prazo. Ele critica a possibilidade de uma pausa no aumento da Selic e sugere que a taxa precisa subir para cerca de 18% para garantir a credibilidade das expectativas de inflação.

Comitê de Política Monetária (Copom) precisa adotar postura mais dura para atingir a meta de inflação de 3% ao ano, afirma Fabio Kanczuk, diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor do Banco Central.

Kanczuk, em entrevista à Bloomberg Línea, alerta que encerrar o ciclo de alta da Selic em 14,75% ao ano na próxima reunião (17 e 18 de junho) pode ser precipitado. Ele defende uma Selic em 18% ao ano para **ancorar as expectativas de inflação**.

Os diretores do BC, liderados por Gabriel Galípolo, elevaram a Selic em 0,50 ponto percentual em maio, deixando o cenário em aberto para a próxima reunião. O mercado espera uma pausa no ciclo de aperto monetário, mas há discussões sobre um possível aumento adicional de 0,25 ponto percentual.

Kanczuk destaca que a atividade econômica tem sido forte e que o governo não mostrou disposição para reduzir os estímulos fiscais, mantendo as expectativas de inflação elevadas.

Principais pontos da entrevista de Kanczuk:

  • A prioridade do BC deve ser **manter as expectativas de inflação ancoradas** no longo prazo.
  • A Selic precisa ser elevada para **17% a 18% ao ano** para realmente controlar a inflação e demonstrar comprometimento.
  • Encerrar o ciclo em 14,75% é impulsionado por uma leitura otimista do BC, mas **não acredita que ancore as expectativas**.
  • Um choque na economia pode ser a única maneira para que o BC consiga ancorar essas expectativas.
  • Se o BC não agir de forma mais dura, a chance de ancorar expectativas a longo prazo é **mínima**.

Kanczuk previu que, caso haja uma recessão nos EUA, o BC pode **cortar os juros** até setembro. Ele acredita que a probabilidade de uma recessão nos EUA é alta, influenciando a política monetária brasileira.

Conclusão: A atuação mais **restritiva** do BC é considerada essencial por Kanczuk para controlar a inflação e manter a credibilidade no mercado.

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