Augusto Heleno diz que ‘não havia clima’ para usar Abin na produção de relatórios contra as urnas
General Augusto Heleno nega uso da Abin para desinformação nas eleições e afirma que aceitou a derrota de Bolsonaro em 2022. Durante depoimento no STF, ele ressaltou que não havia clima para ações ilegais e que a agenda apreendida com anotações sobre fraudes era um "documento particular".
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou nesta terça-feira, 10, que “não havia clima” para usar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na produção de relatórios falsos sobre as urnas eletrônicas.
Heleno destacou que, na Abin, o clima era “muito bom”. O ministro Alexandre de Moraes, que conduziu a audiência, ironizou a situação ao lembrar que a pergunta foi feita pelo advogado do general.
O ex-ministro optou por exercer seu direito ao silêncio, respondendo apenas às perguntas da defesa no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele comentou declaração anterior sobre ter conversado com o então diretor da Abin, Vitor Carneiro, sobre a possibilidade de “infiltrar” agentes nas campanhas eleitorais de adversários de Jair Bolsonaro.
A intenção, segundo Heleno, era de “acompanhar as eleições” para evitar novos atentados como o de 2018. Ele negou que houvesse intenção de mascarar esse procedimento e afirmou que “não havia tempo para infiltração”. Heleno ainda justificou que sua declaração de “virar a mesa antes das eleições” referia-se a ações a serem tomadas para assegurar o sucesso eleitoral.
Sobre a derrota de Bolsonaro em 2022, o general confirmou que “tinha que aceitar”. Ele também disse que a agenda apreendida com anotações sobre fraudes era um “documento particular”, destacando ser um adepto do voto impresso, mas que não tinha poder para transformar isso em uma realidade.
Adicionalmente, Heleno negou ter conhecimento sobre um documento planejando a criação do “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” após a anulação das eleições de 2022, do qual seu nome constava como chefe.