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Ataque a professora no RS: como uma escola se reconstrói após um trauma?

Professores e alunos em Caxias do Sul lidam com o trauma derradeiro após ataque em escola. A insegurança e o medo permanecem no ambiente escolar, despertando debates sobre segurança e acolhimento psicológico.

Uma semana após o ataque na escola João de Zorzi em Caxias do Sul (RS), uma professora relatou a insegurança crescente no ambiente escolar.

A aluna fez referência ao ataque ao ser advertida por pegar mais folhas, impactando a professora Juliana, que trabalhou com a docente agredida.

Juliana sente insegurança e dificuldades em retomar aulas. Outros professores também evitam escrever no quadro e estudantes ainda processam o trauma.

Após o ataque, as aulas foram suspensas em todas as escolas da rede municipal e sessões de acolhimento foram realizadas.

A escola reabriu dois dias depois, mas muitos pais consideram transferir seus filhos. O vice-diretor Gabriel Jean Boff confirmou a reestabelecimento gradual da confiança.

A secretária municipal de Educação, Marta Fattori, anunciou reforço no patrulhamento e a discussão de novas medidas de segurança, como portões com campainha e botões de pânico.

O programa Escolas de Paz foi reativado, visando combater a violência nas salas de aula com apoio psicológico e projetos de mediação de conflitos.

Em um caso semelhante em São Paulo, em março de 2023, o ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro deixou uma professora morta e demais feridos. Esse caso reforçou a necessidade de suporte psicológico contínuo.

Estudos mostram que o Brasil teve 42 ataques a escolas entre 2001 e 2024, com mais da metade ocorrendo entre 2022 e 2024, resultando em 44 mortes e 113 feridos.

Cléo Garcia, pesquisadora, destacou a importância de planos de contingência e comunicação clara após ataques, para evitar desinformação e promover a recuperação.

O Ministério da Justiça lançou a Operação Escola Segura em resposta a um aumento de ataques em 2023, criando um canal para denúncias de ameaças, que registrou 11.971 queixas em seu primeiro ano.

Em 2024, as denúncias caíram para 2.081, atribuídas a ações de segurança e campanhas de conscientização.

A professora Monique Queiroz relatou a necessidade de suporte psicológico contínuo, destacando que “não é possível dizer que já passou” devido ao impacto duradouro dos ataques.

A psicóloga Elaine Alves recomendou a construção de memoriais e a incorporação do passado na escola como parte do processo de cura.

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