Assinatura falsa, 'coerção' por telefone, assédio constante: veja relatos de aposentados do INSS vítimas de descontos irregulares

Patrícia Coimbra, ex-assessora parlamentar de 60 anos, identificou desconto indevido de R$ 76,86 em sua aposentadoria. O valor foi transferido sem autorização para a Associação Beneficente Backmann Nacional (ABCB), investigada pela Polícia Federal por fraudes.

Patrícia recorreu à Justiça e apresentou documentos com assinatura digital que não correspondem à sua. O INSS validou o documento, permitindo o desconto. "A assinatura apresentada não é minha", afirmou Patrícia, que anexou imagens de suas assinaturas reais à ação.

Outro caso é o da psicóloga Líria Santos, de 31 anos. Ao verificar a aposentadoria da mãe, Almerinda, encontrou desconto de R$ 60 para a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec). Líria afirmou que nunca autorizaram o débito e que a família não conhecia a entidade.

A cobrança começou em junho de 2023 e foi encerrada em agosto de 2024. A defesa da Ambec apresentou uma gravação em que Almerinda supostamente aceita a associação, mas o juiz considerou inválida a adesão e determinou o ressarcimento.

A professora Sandra Castor, de 56 anos, também enfrentou situação semelhante. Desde abril de 2023, ela notou mensalmente R$ 45 sendo descontados de sua pensão, totalizando R$ 540 para o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap), da qual nunca teve contato.

José Pires, de 68 anos, e sua esposa Scheila, de 67, descobriram descontos em suas aposentadorias. José teve R$ 75,86 mensais por seis meses enviados ao clube de benefícios Master Prev, e Scheila teve R$ 45,08 enviados à Ambec. Ambos afirmaram não conhecer as entidades.

José entrou em contato com a Master Prev, mas só recebeu devolução de dois meses. "É muito desgastante," lamentou, fazendo referência às dificuldades de saúde do casal e as constantes ligações de associações.

As entidades foram procuradas pelo O GLOBO, mas não responderam.